Numa união emocionalmente sã, tanto a mulher como o homem sentem-se livres para falar abertamente sobre os seus desacordos, queixas ou críticas. Mas costuma acontecer que no calor da discussão, os desacordos formulam-se de um modo destrutivo como que em forma de ataque contra a pessoa. O que sucede? Ataca-se ou critica-se a pessoa em si e não o facto em questão. Por exemplo “és um(a) egoísta e insensível”, “não posso confiar em ti”, “a culpa é tua”, “não sabes falar” em vez de “senti-me desta forma quando fizeste algo”. Mudamos o foco para nós em vez de culpar o outro.

Ora essas críticas pessoais têm um impacto emocional muito mais destrutivo do que um diálogo fundamentado, e acontecem, quando a mulher ou o homem sentem que as suas opiniões não são escutadas nem tidas em consideração. A forma como dialogámos com o outro, às vezes também reflete aspetos cegos de nós mesmos, dos quais nem sempre nos damos conta. Por exemplo agressividade, irritação, nervosismo que poderão ser obstáculo à comunicação.

A linguagem não verbal também pode ter impacto corrosivo, como por exemplo, virar as costas, revirar os olhos, desviar o olhar, apontar o dedo, gritar.

A resposta de “luta” ou “fuga” é outra das modalidades de resposta e comunicação. O membro que se sente atacado pode devolver o ataque em grito ou retira-se para um silêncio sepulcral. Fecha-se e com isso inibe a conversação, que envia uma mensagem de distanciamento, rejeição e superioridade. Aborta assim as possibilidades de resolver as desavenças.

É certo que as chamadas de atenção dos companheiros são às vezes demonstrações de desgosto, e que podem estar motivadas pelo amor e pela tentativa de manter a fluidez e a saúde da relação.

Por outro lado, ou aceitamos os parceiros como são, com amor e carinho, ou as tentativas de muda-los irão originar conflitos, mais desgostos e desilusões.

Outro aspeto que alimenta a estabilidade relacional é saber escutar ao expressar abertamente os pontos de vista. A presença de maneiras que ajudem a dissolver as desavenças do casal é outro ponto a ter em conta para que os sentimentos não ultrapassem o ponto de ebulição. Por exemplo, deter a discussão a tempo antes que se esvaia a empatia. Podem voltar a falar quando os dois estiverem em condições para o fazer.

Saber tranquilizar-se (com práticas de relaxamento ou meditação; contar até 10; beber um copo de água; irem dar um passeio juntos) e tranquilizar o par também é uma competência emocional que contribui para a maduração de boa comunicação.

Claro que os hábitos emocionais não podem cortar-se da noite para o dia, é trabalho que exige a nossa atenção e perseverança. As mudanças vão depender da profundidade da motivação, já que a maioria das reações emocionais que se manifestam na relação de casal, se começaram a produzir na infância, carregadas da aprendizagem do que dói a relação com os nossos pais. Um exemplo disso podemos ver quando nos fechamos em nós mesmos ao menor sinal de desconforto.

E não há melhor maneira de consolidar a mudança do que pôr em prática as formas sãs e conscientes de se relacionar.

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