Segundo o James Hillman, o psicólogo de renome e conferencista, as trevas não provêm exatamente do exterior (ainda que os acontecimentos possam despoletar estado de espírito de tristeza): são uma revelação de algo que existe na nossa natureza. Nos nossos estados de espírito depressivos e medos mais profundos, descobrimos uma parte essencial de nós próprios. 

A verdade é que independentemente do modo como nos apresentamos pe­rante o mundo, todos temos algumas facetas sombrias. Temos pen­samentos que não costumamos contar às pessoas. Talvez sejamos capa­zes de coisas que os nossos amigos nem sonham. No plano sexual, talvez sejamos mais interessantes do que parecemos. É provável que acolhamos cóleras e medos que não contamos às outras pessoas. Podemos ter segredos ou feridas do passado que não só nos tornam aquilo que somos, mas talvez também não nos permitam ir onde queremos chegar.

Por isso o trabalho com as nossas sombras é deveras importante, porque serve para libertarmos o nosso potencial de criatividade e vitalidade; e para esse trabalho temos de estar dispostos a adentrar-nos na nossa interioridade. Sem vontade, não avançamos. 

Há muita vitalidade nas coisas que reprimimos, devido à ansie­dade ou ao medo do que aconteceria se nos dispuséssemos a olhar para aquilo que dói, dando-lhe expressão e vida. 

Ou talvez, continuamos a reprimir por medo da mudança ou medo de sentir a dor. 

Frente a uma ameaça, a fuga é uma resposta natural de sobrevivência no ser humano; e é o que fazemos muitas vezes – fugir das nossas feridas ou mesmo de nós mesmos para não nos confrontarmos com o que nos incomoda/ameaça internamente. 

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