Somos influenciados desde a infância com as ideias de amor romântico através de filmes, músicas, e até pela própria família, e que transmitem muitas vezes ideias pouco realistas sobre os vínculos afetivos.

Será que essas histórias correspondem a visão real do amor? Incentivam relacionamentos equilibrados e saudáveis, ou pelo contrário criam a ideia de pontes emocionais dependentes e prejudiciais?

Na minha prática de atendimento e experiência própria, verifico frequentemente, que a mudança de padrões instalados, no que toca a vivência do amor, e incitados pela cultura, educação e sociedade, (tais como a ideia da perda de liberdade pessoal em prol do relacionamento e de que tudo é permitido ao outro e se faz pela outra “alma gémea”, “metade da laranja” como forma de agradar ou ter o seu amor) é essencial para construir relacionamentos mais satisfatórios e em que se ganha uma consciência renovada de estar com o outro baseada na abundância.

“O amor não é uma carência, mas uma abundância” de dois seres livres e completos por si, que escolhem estar com o outro porque querem e não porque precisam.

Entendo que os relacionamentos equilibrados e saudáveis baseiam-se na consciência de que o amor são existe em liberdade, livre de dependência emocional onde incluo condutas de manipulação conscientes ou inconscientes, aceitação de mutilação e humilhação, desejo de mudar o outro ou agradar-lhe, ou anulação de si através de crenças como por exemplo “não consigo viver sem ti”.

O facto de gostar do outro não significa que nos devamos fundir com ele e nos convertermos num ser único e inseparável. Nem implica que nos anulemos para viver a vida do outro. Cada um está na relação com as suas necessidades e que não precisam de ser atendidas exclusivamente por essa relação afetiva.

“Sem liberdade não há movimento, sem movimento não há vida” Maria Flávia de Monsaraz


É certo que devem ter momentos juntos de intimidade e cumplicidade, mas não se devem sentir na obrigação de fazer tudo juntos. Está tudo bem se não o fizerem ou não quererem fazer! A criação de espaços físicos e psicológicos separados mantém o respeito à individualidade de cada ser, aos seus desejos, paixões e necessidades. Desta forma é possível criar um apego saudável em que quando estão juntos desfrutam da companhia um do outro, com paz e alegria.

O amor maduro e consciente deve saber estabelecer limites saudáveis, onde por um lado estimula a confiança e abertura do seu companheiro, por outro a sua autonomia, poder e liberdade pessoais. É importante que se encontre um equilíbrio onde cada um se sinta bem individualmente ou acompanhado.

Outro aspeto a ter em conta, é que qualquer relacionamento é sempre o palco para o surgimento dos nossos medos, limitações e equívocos que ao serem denunciados mutuamente, permitem ao casal crescer e evoluir. Caso contrário, e se não estão dispostos a comunicar e fazer o desenvolvimento pessoal é provável que os aspetos denunciados se tornem na razão de conflitos ou rutura. O outro será sempre o espelho das nossas sombras, qualidades e potencialidades. Se soubermos ama-lo conscientemente pelo que ele é, podemos trilhar caminhos construtivos de felicidade conjunta.

Afinal, cabe a cada um decidir como quer estar na relação e o relacionamento que deseja.

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