O ego é algo que faz parte de nós, é uma das forças do nosso Ser que precisa de ter uma estrutura forte e saudável para que o nosso desenvolvimento e crescimento se possam dar de forma equilibrada e com menor grau de sofrimento. Por exemplo, ter uma boa autoestima e maturidade emocional são aspetos do ego que precisamos para se manifestar no mundo e se relacionar de forma sã.
Mas o outro lado do ego é aquele que nos faz sofrer, quase como uma parcela de nós que nunca está satisfeita, que nos paralisa com os seus medos, que nos leva ao apego prejudicial, que nos remete para a zona de conforto onde nada acontece, sabota a nossa felicidade. É importante por isso que nos demos conta de como se manifesta, e de que forma afeta a nossa vida e impede que possamos crescer e evoluir para estados de maior bem-estar e felicidade.
Há que tomarmos consciência das artimanhas do ego e de encontrarmos a melhor forma para o educar, digamos assim.
Quais são então alguns dos aspteos mais “negros” do ego e que condicionam o nosso bem-estar e paz interior? São tão recorrentes em muitos de nós.
1. Querer ter sempre razão
Existem tantas verdades e valores quantas há pessoas, por isso, ser dono da razão é uma armadilha perigosa e potenciadora de conflitos. Há que aceitar que os outros têm direito a ter opiniões e perspetivas diferentes.
2. Porquê os outros não fazem como eu quero?
Um desejo que frequentemente origina sentimentos de frustarção, impotência e zanga. O melhor nestes casos é não nos condicionarmos, somente nos limitarmos a ser e a deixar os outros serem como são. Respeitar e, inclusive, valorizar que os outros atuem de acordo com os seus princípios e desejos é um ato de respeito e, também, de crescimento pessoal.
3. Sentimento de carência
Se eu tivesse uma casa maior, seria mais feliz. Se eu pudesse comprar aquele carro ou telemóvel, se eu tivesse um parceiro como eu quero, tudo seria perfeito, a vida seria perfeita…vemos que o sentimento de insatisfação está muito presente na nossa sociedade, nunca nos sentimos completos ou satisfeitos. Falta sempre algo, que ilusoriamente será a fonte de felicidade. Ilusoriamente, porque assim que essa coisa que desejamos se realiza, desejamos outra, nunca chegando a sentir a felicidade duradoura.
4. A necessidade de aprovação
É uma necessidade que tem dois gumes, porque se por uma lado necessitamos de nos sentir aceites, amados e reconhecidos, por outro lado, se essa aprovação é vivida com obsessão e carência, coloca limites à liberdade pessoal. Vamos estar sempre dependentes dos outros e da sua estima.
5. Sinto-me inferior aos outros
Nesse lado sombra do ego, é preciso o desenvolvimento de uma autoestima forte, que irá ajudar a elevar a autoconfiança e autovalorização, para que não se deixe cair na comparação, sofrimento ou sentimento de inferioridade.
Se todos os dias aprendermos a “dar-nos conta” desses aspetos mais sombrios do ego, estamos a caminho de nos libertarmos daquilo que nos faz sofrer e que condiciona, e gradualmente iremos na direção de maior liberdade, bem-estar, paz interior e harmonia.
O desenvolvimento transpessoal ajuda nesse processo de aprendermos a dar nos conta.